... aos olhos de Ishtar

Minha mente se abre admirando o céu rajado do horizonte;

Separado por uma linha estreita definida como pecado;

Dentro do alcance de minha visão, minha mente revive o ontem;

Com um sorriso leve ao rosto, sigo satisfeito e a fogo marcado.

O vento sopra o suor seco da praia deserta;

Onde as ondas castigam os castelos de areia de forma severa;

As ondas proclamam o sonho das rochas e limos;

Interrompendo o segredo que o silêncio nos conta sobre seu magnetismo...

Admiro o céu escurecendo lentamente;

Assim como minha juventude foi roubada;

Delirante é a dança na beira do abismo;

Como a vida drenada pelo beijo da pessoa amada.

Olho para traz e não consigo rastrear minhas pegadas;

Furtivamente foram apagadas pela água salgada;

Os passos deixados são apenas sussurrados;

Sempre marcando por elos mal reestruturados.

A noite toma sua forma para os amantes da penumbra;

Brindemos nesse ritual, na proteção do leito da lua;

Um cigarro a acalmar o tremor de minhas mãos;

A fumaça azulada gargalha de minha situação;

A fogueira é acesa fazendo a madeira gritar;

Os amantes se observam sob a luz do luar.

Os ventos sopram;

Os copos secam;

Palavras ecoam;

...e nas sombras espreitam.

A noite observa suas vítimas;

Priorizando as luzes das vidas;

Sendo a visão do homem triste;

O instinto primordial que as sombras existem.

Mas hoje não fui o escolhido;

Aos olhos de Ishtar eu continuo seguindo...

Copo cheio com vinho, todos riem e a música aumenta;

Sou consumido pelos lábios da garota que me queima;

Um sorriso estreito corta meu rosto;

Meu ego supera o que eu havia pressuposto;

Enquanto encaro o horizonte, sigo mais um passo...

Não me importando se este também será apagado.

Por Leandro Abrantes

Florianópolis/SC 2010

Leandro Abrantes
Enviado por Leandro Abrantes em 11/09/2016
Reeditado em 24/10/2022
Código do texto: T5758009
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