Nossa praia
Aprendi que te amo e não te amo ao mesmo tempo;
Os dois lados de uma mesma moeda;
Da mesma forma que a vida possui a morte;
Só estamos vivos, pois a cada minuto estamos morrendo;
Só por estarmos a morrer que a vida se torna linda e vale a pena se viver;
Em cada momento que não te amo, te amo ainda mais intensamente;
Moldo meu amor, feito um castelo de areia, sendo castigado pelo vento em uma praia deserta;
E mesmo que em primeiro momento eu sinta ao ver o castelo ruir;
Sou acolhido pelo abraço da maré enchente;
Então aceito que a existência do castelo era limitada;
Seja pelo vento ou pela maré, seria impossível resistir ao tempo;
O castelo de areia é o símbolo que uso para nossa maturidade;
Maturidade como indivíduo, como amantes, como amigos, como almas que escolheram se complementar;
Maturidade essa que corroída torna-se áspera, de áspera a cada dia torna-se mais firme em nossas mãos;
Hoje eu celebro e lamento;
Celebro mais um inverno que você supera, mas lamento por você estar mais um ciclo próximo a esvanecer;
Hoje eu celebro por fazer parte de sua vida e lamento por todas as outras oportunidades de vida que você deixou tremular e desaparecer;
A cada dia, admiro ainda mais suas forças, do indivíduo forte e alegre que você é;
E condeno suas fraquezas, que faz a sua força rachar-se e ofusca a sua alegria;
Aprendi que te amo e não te amo ao mesmo tempo;
Que te amo mais que eu pensei que poderia te amar;
Mas muito menos do que sei que te amarei;
A cada dia me esforço para lhe amar com o melhor que possuo;
Mas como humano e criatura emocional que sou, sei que são vastas minhas fraquezas e me condeno por isso;
Mas saiba que amo você a cada dia como se fosse o último, porque sei que um dia irei acertar;
E quando esse dia chegar, não lamente pelo castelo de areia que acaba de ruir;
Apenas aproveite o pôr do sol e veja quão bonita tornamos a nossa praia.
Por Leandro Abrantes
Para Michelle Poggetti dos Santos
Florianópolis/SC 2016