Meu céu
Nesta brecha de janela
Eu guardo um céu que é só meu
Cabe tanto sonho nela
Quanto falta luz no breu
São desejos desvairados
Que me ocorrem pela noite
Que me ferem feito acoite
Mas não podem ser gritados
E o anoitecer bendito
Pode ser também perverso
Posto o medo infinito
Do meu próprio universo
As estrelas, lá, distantes
Que aparecem pela fresta
De maneira tão modesta
Vão morrendo cintilantes
Cá, me encontro em explosão
Sem fulguro, certamente
Dentro duma confusão
Tão discreta, tão silente
A cadente alegoria
Cai de sono, então, vencida
E prossigo ‘inda perdida
Sem Cruzeiro nem Maria.
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Jan/2014