Só o porvir vale a vós
Estalos secos: folhas sobre a grama.
Não se há de recobrar as sensações,
não apenas porque já são visões:
decorre dos ouvidos alheados;
e a sola tesa o tato falho aclama.
Que vale fenecer à nostalgia,
se se voltasses todo às áureas fases
não poderias ser tudo o que trazes
retido na memória? Pois tua boca
não degusta co' argúcia, e a noite fria
a pele já não sente, e o colibri
alegre... tu não ouves o seu canto!...
Por que haveis de prantear tão triste e tanto?
O corpo já não é tudo o que fora,
só o porvir vale a vós: sim, desisti!