Falsas palavras
Verdadeiramente escrevo falsas palavras
Minto verdadeiramente sobre o que sinto
Palavras arrancadas a ferro quando as lavras
E cultivas os sentires ausentes de ti, minto!
Sob o céu ensolarado de Dezembro, chove
Nem folha, nem pedra, a brisa nada move
Sorris na morte, palavras tristes que choram
Janela aberta, casa onde as virgens moram!
Perdi-me de ti, saudade de te ter a meu lado,
Ardo em desejo, eu longinquamente choro
Em tempo de paz, para quê a arma soldado!
Choro os beijos dados, na tua palma da mão
Sorrio às tristes paredes da rua onde moro,
Triste virgem minha dos cânticos de Salomão!
Alberto Cuddel®
In: Palavras que circulam - XIV