ÚLTIMO CAFÉ

É tarde para um último café

O líquido quente esfriou no bule.

Xícaras tristes choram seus torrões de açúcar perdidos,

Solitárias, cada qual, em seu pires é levada à derrocada,

Naufragam nas mãos bêbadas dos avessos apaixonados

Com uma mesa que se faz um mar de distância entre si.

Começa a chover lá fora de mim

Enchendo as xícaras pálidas de água límpida.

O café esfriou no coração, desova de amor,

Depõem-se as xícaras e as lágrimas no cais de porcelana,

Pois é tarde para um último café

E cedo demais para se afogar.