RAQUIDIANA
hoje, dê-me de comer a tua estupidez,
a ração rala e medíocre que tanto te sacia;
apresente-me teu leite estéril,
sacrifique a rês que não dá cria!
hoje, guie-me na tua escuridão,
e me perca no campo onde não plantas.
vasto campo nu cuja terra reflete o céu
e, mesmo vazio, teu coração não se aquebranta.
amanhã dar-te-ei as costas,
amanhã ei de voltar a mim
à procura de mais respostas
amanhã, talvez a lembrança,
das delícias ocultas na tolice,
do prazer de ver a vida sem nuanças.