Da Flor
Ao abrir da porta, (s)cerrando o espinho,
a criança morta nasce do outro lado
aonde não corta, um jardim afiado
e, da chuva torta, não fere o carinho.
Morre a tenra flor do viver não florado
que viveu sua dor como um passarinho
e que nesse seu pôr feito sol, de mansinho,
descerra o amor que lhe deram fechado.
Há um outro jardim; esse nem jardim era;
e há fragrância, sim, criança inodora!
então, depois do fim, antes de ir embora,
deixe-se reflorir, ah, a morte espera!
perfume o porvir! seja a primavera!
pois o bem vem sorrir pelo mal que não chora.
Torre Três
tr./dnc