Urgência
Corpo indefinido
Implorando pelo nascimento
Tateio em meio à densa neblina
Procurando por pistas.
Por que tanta urgência? (emergência, talvez)
Tolices. Tolices sempre.
Vêm, querendo eu não as conceber.
Mas nascem.
Um desejo latejante
De parir frase de efeito
Mas o efeito das frases se perde
No instante em que não mais pertencem ao autor.
Sou, de novo, sugada pelo concreto
Onde existem prazos, metas
E toda a sorte de amarras invisíveis
Se pudessem me descascar
Libertariam qualquer coisa amorfa
Muito maior do que carrega este contorno mundano.
A agonia inicial se abrandou
E a única certeza que tenho
É a de não serem estas palavras
As que eu tinha por intenção reunir
Incomoda-me a falta de rimas
O desleixo com a métrica
Porém assim o faço
Vencendo a racionalidade
A qual herdei do que chamam de vida real
Surgirão mais ideias
Pelos dias que se seguem
Fervilharão no meio do meu trabalho
Perturbarão meu bom senso
Desviar-me-ão do caminho principal
Entretanto transitarei entre ambos os mundos
E, sendo o meu espírito dualista
Não tenho certeza
Apenas sinto muitas verdades.
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Jan/2014