Urgência

Corpo indefinido

Implorando pelo nascimento

Tateio em meio à densa neblina

Procurando por pistas.

Por que tanta urgência? (emergência, talvez)

Tolices. Tolices sempre.

Vêm, querendo eu não as conceber.

Mas nascem.

Um desejo latejante

De parir frase de efeito

Mas o efeito das frases se perde

No instante em que não mais pertencem ao autor.

Sou, de novo, sugada pelo concreto

Onde existem prazos, metas

E toda a sorte de amarras invisíveis

Se pudessem me descascar

Libertariam qualquer coisa amorfa

Muito maior do que carrega este contorno mundano.

A agonia inicial se abrandou

E a única certeza que tenho

É a de não serem estas palavras

As que eu tinha por intenção reunir

Incomoda-me a falta de rimas

O desleixo com a métrica

Porém assim o faço

Vencendo a racionalidade

A qual herdei do que chamam de vida real

Surgirão mais ideias

Pelos dias que se seguem

Fervilharão no meio do meu trabalho

Perturbarão meu bom senso

Desviar-me-ão do caminho principal

Entretanto transitarei entre ambos os mundos

E, sendo o meu espírito dualista

Não tenho certeza

Apenas sinto muitas verdades.

___

Jan/2014

Kelly Santana
Enviado por Kelly Santana em 08/09/2016
Reeditado em 11/09/2016
Código do texto: T5754099
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