Do (Meu) Silêncio
Procuro não lhes romper o sono
Tudo quanto é movimento evito
Nada encontro mais perturbador
Do que aquilo que não tenho dito
E presente a ausência das palavras
Ao claro engano sujeito a gente
Cujos ouvidos não mais lhes servem
Para acolher a voz de quem sente
Vê o que para mim se faz pungente
Quem me acessa além da aspereza
Descobre tão logo o que forjei:
Minha desastrosa fortaleza
Qual parte me cabe neste absurdo
De viver como escravos do plano
Onde quem esquece da alma é são
E quem questiona a vida é insano?
Talvez, valha mais o seu descanso
Que todo o zelo dos termos meus
Num inocente gasto de tempo
Contudo, se passa o tempo ou eu?
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Mar/2014