Do Escalpelo
Não há o que revelar que antes não me foi dito;
por isso, só repito o que a dor me falar;
e se deixo escrito é como deixa o mar :
um eterno meditar de um quebrar infinito.
Na areia do papel, onde quebram-se as dores,
quebro também temores de ser meu único réu;
e medos roedores (num roer em escarcéu)
nesse escrever ilhéu, ganham asas...são vapores.
A espuma, em versos, fica nesse papel-praia
quando a dor desmaia e grilhões são submersos;
quando as tentações de um medo tão tentador
ao vê-lo como vapor, orvalha...sua cisões;
quando a alma nua, sem o temor ou o zelo,
veste o escalpelo...corta a verdade crua.
Torre Três
07-09-2016