ALIMENTO DE UM ESCRITOR

Palavras

Alimento estranho

Parece inconsistente, inodora, insípida

É impalpável

Parece sem nutriente.

Vivem soltas a voar

Mas o escritor sai a sua busca

Na ânsia de matar a fome

As captura, muitas delas.

Consegue agrupa-las

Arruma-las, embaralha-las, bagunça-las

Depois de bem preparadas

Faz dela seu alimento

E sacia a alma.

Depois de farto

Olha pro lado

E vê que o que tem é fome

Corre atrás delas de novo

Muitas fogem, outras ficam.

Algumas dormem!

Não é fácil apanha-las

E mais difícil ainda é doma-las

E junta-las.

Mas o escritor consegue!

Não pode viver sem elas

A busca é interminável

Junto delas, grande deleite

E longe delas percebe

Que não alimenta a alma.

E assim segue o escritor

Numa caçada interminável

Na plena certeza

De que sem a busca

Das palavras

Não pode viver.

Este poema vai para dois grandes amigos aqui do recanto.

Júlio Damasio e Anita Fogacci.

Vejo em vocês um grande amor e essa fome pelas palavras.

Grande beijo!

Silvia Pina
Enviado por Silvia Pina em 22/07/2007
Código do texto: T575336
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