ALIMENTO DE UM ESCRITOR
Palavras
Alimento estranho
Parece inconsistente, inodora, insípida
É impalpável
Parece sem nutriente.
Vivem soltas a voar
Mas o escritor sai a sua busca
Na ânsia de matar a fome
As captura, muitas delas.
Consegue agrupa-las
Arruma-las, embaralha-las, bagunça-las
Depois de bem preparadas
Faz dela seu alimento
E sacia a alma.
Depois de farto
Olha pro lado
E vê que o que tem é fome
Corre atrás delas de novo
Muitas fogem, outras ficam.
Algumas dormem!
Não é fácil apanha-las
E mais difícil ainda é doma-las
E junta-las.
Mas o escritor consegue!
Não pode viver sem elas
A busca é interminável
Junto delas, grande deleite
E longe delas percebe
Que não alimenta a alma.
E assim segue o escritor
Numa caçada interminável
Na plena certeza
De que sem a busca
Das palavras
Não pode viver.
Este poema vai para dois grandes amigos aqui do recanto.
Júlio Damasio e Anita Fogacci.
Vejo em vocês um grande amor e essa fome pelas palavras.
Grande beijo!