ABISMOS do CORAÇÃO
Nas águas do meu rio
mergulham as manhãs assassinas
o féretro do meu sexo no teu
Quando a noite vem impregnada de horrores
ainda se escuta em alguma esquina escondida
abismos do coração
Era preciso que o homem
no caminho de enganos cheios de trovões
tropeçasse
p'ra que as dúvidas que florem a árvore da ação
caídas
fossem menos importantes que o ato de levantar
Não se diga do homem rude
o desdentado-passante-em-frente
entranhado de vermes,o desprezível
só porque na repugnância ele se faz
O que eu não conheço ser irreverente
arreganhando os dentes
a um palmo de distância
e eu não vejo
espera a hora marcada
do horror
O velho barqueiro em pé
paralisou-se na proa do barco há tantos anos
que sua posição é o marco que divide
as estações
E não fomos os que chovemos
não tivemos a água como ofício
apenas olhamos aos que murcham
no jardim dos dias sem adubo