A cúmplice

Quando nada mais te aviva,

partícipe dos meus versos,

só eu canto teu silêncio

noturno, esta viração

que amortece-te erma e pura:

pepétuo lembrar da infância.

Evelhece e perde o viço

conforme te abrange a noite,

pouco a pouco, como um véu

de lânguidas efluências;

mas mantenho-me desperto

e envolvo-me em tua ruína.

Solitária rua minha,

tão pálido é este luar

que irradia sobre ti...

Mas sabes bem, minha rua,

tu somente, como é claro

e intenso aquele momento

em que trazes-me um abismo

e eu devolvo-te um poema.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 05/09/2016
Código do texto: T5750850
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.