A cúmplice
Quando nada mais te aviva,
partícipe dos meus versos,
só eu canto teu silêncio
noturno, esta viração
que amortece-te erma e pura:
pepétuo lembrar da infância.
Evelhece e perde o viço
conforme te abrange a noite,
pouco a pouco, como um véu
de lânguidas efluências;
mas mantenho-me desperto
e envolvo-me em tua ruína.
Solitária rua minha,
tão pálido é este luar
que irradia sobre ti...
Mas sabes bem, minha rua,
tu somente, como é claro
e intenso aquele momento
em que trazes-me um abismo
e eu devolvo-te um poema.