Coisas estranhas

Ribomba aos ouvidos

a mansa voz do tempo.

Mansa algazarra da noite

Onde a escuridão, hoje, mora

enamorando o dia que sem tardar chega.

Não sou mercador de escravos,

nem vivo entre fantasmas.

Declamo versos estranhos

porque eles me chamam,

feitos por ninguém,

para ninguém os ler.

Canto a voz alheia com o espanto do olhar

e o amargor da sorte,

na boca que no céu de minha boca há

para cantar.

É o tempo, Irrepetível e mau!

Por que não me traz o bom passado?

Enquanto tudo isso não passa, aguardarei

as outras lembranças do quase ontem,

no infinito do hoje que me assombra,

onde posso ser são e louco dentro de qualquer saudade.

Ribomba em mim o silêncio das caças

e a carne das palavras ditando ordens,

cavando desordens,

matando os milagres.