ABSTRAÇÃO

ABSTRAÇÃO

Dou as costas a tantos sopros

Vou a frente pelas margens

Rios de informação me alucinam

Evito a correnteza forte

Que leva ao pensamento único

Desfaço-me de gentes

Que se mostram infalíveis

Prefiro as perdizes

Que mesmo correndo risco

Voam a valer liberdade

Pousando vivas ou mortas

Felizes pelo olhar de cima

Pouco importa se há rima

Se há clima

Se tudo é pantomina

Gravo palavras agora em tela

Letra a letra analfabética

Sem prumo disléxica

Antes era em papel

A luz de vela

Que iluminava o pensamento

Sem dar importância a reflexos

A nexos, anexos

Seixos, sexos

E próximo ao fim

Aos afins nada deixo

Apenas passagens

Aragens e lufadas de nadas

Inúteis largas passadas

Em direção ao finito

E ao nunca mais visto

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 04/09/2016
Reeditado em 05/09/2016
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