ABSTRAÇÃO
ABSTRAÇÃO
Dou as costas a tantos sopros
Vou a frente pelas margens
Rios de informação me alucinam
Evito a correnteza forte
Que leva ao pensamento único
Desfaço-me de gentes
Que se mostram infalíveis
Prefiro as perdizes
Que mesmo correndo risco
Voam a valer liberdade
Pousando vivas ou mortas
Felizes pelo olhar de cima
Pouco importa se há rima
Se há clima
Se tudo é pantomina
Gravo palavras agora em tela
Letra a letra analfabética
Sem prumo disléxica
Antes era em papel
A luz de vela
Que iluminava o pensamento
Sem dar importância a reflexos
A nexos, anexos
Seixos, sexos
E próximo ao fim
Aos afins nada deixo
Apenas passagens
Aragens e lufadas de nadas
Inúteis largas passadas
Em direção ao finito
E ao nunca mais visto