CAFÉ COM LEITE

Uma vaca malhada

Revestida de bucólica nostalgia

Vai de mansinho e flatulenta comendo

O verde pasto, apagando o mato,

Deixando um espaço de renovação

Mordida e estercada no seu rastro.

Da mesma forma, um poeta autobiográfico

Vai comendo seu verde pasto de poética,

Apagando da alma branca os maus arautos

E abrindo espaço aos alheios, ele igualmente

Flatuoso morde e esterca seus passos. No fim,

Vaca e poeta se encontram; café com leite inusitado.