Meus Eus
Eu que sei pouco de mim
Me olho no espelho e nada vejo
Porque nada do que está refletido
Sou eu de verdade...
Sou tão profunda que não me alcanço
Talvez por isso viva me cavando
E quanto mais me cavo
Menos me conheço
São tantas perguntas sem respostas
São tantas dores mudas
São tantas as palavras duras
Que guardei para não dizer
São tantas as implosões
Escondidas no fundo da alma
Que às vezes escorrem lavas
Desses invisíveis vulcões...
Às vezes pulo em precipícios
Para escapar dos vícios
Que eu mesma inventei
Às vezes alço voos inalcançáveis
Em viagens intermináveis
Através dos eus que criei...
Sou tantas que não consigo
Reunir todas de uma só vez!
E assim vou atravessando desertos
Conhecendo universos
E criando minhas próprias leis!