O JULGAMENTO

Recentemente fui notificado
que meu tempo de viver de sonhos
acabou.
Consultei meus anjos.
Confirmaram
e acrescentaram que o tempo
acabou há cinquenta anos.
Mas, a pedido de algum duende inconsequente,
o tempo fora prorrogado
para que eu me fizesse poeta,
tão inconsequente como são os duendes.
Estou negociando,
tentando prorrogar prazos.
Sustento que ainda não escrevi
A Poesia.
Ouço suspiros de enfado.
Argumento que preciso de tempo
para te fazer feliz com meu amor.
Eros pede vistas.
Ficarei vivo
até a próxima sessão de julgamento.