Teus olhos
sei que teus olhos
não me vêem
mesmo quando me olham
assim
como a noite
escutando o soluço dos trigais
e as estrelas que chegavam
para banharem os mares
ávidos do teu olhar
que não nos vê
o silêncio das lágrimas
cai sobre o momento
teus olhos desenham arabescos
contornos de nostalgia
palavras intransponíveis
sei que teus olhos
não me vêem
mesmo quando me olham
assim
com a crueldade do tempo
e da distância contida
nos fragmentos dos ventos
perpassando teus cabelos
e o perfume de flores da tua pele
teus olhos são este cântico
consecutivo e indissolúvel
de espera presa ao gesto
preso a um nome
que não é o meu