sansara não sara

Um peixe fora d’água caminha pela areia.

O porco faminto pisa na única espiga de milho roída.

A bela mãe indaga um jeito de reunir os filhos.

A Roda de Sansara ainda não está quebrada.

Nirvana é uma miragem longínqua.

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Lágrimas quentes escorrem pela face.

Tento manter o coração frio.

No verão do meu tempo, é o Tibet que aflora.

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Alimento pássaros

Tentando desvencilhar dos mortos

Que habitam a gaiola do meu peito.

Nenhum canto é possível agora.

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Vejo no fogo miríades de sonhos.

Verdades que saltam aos olhos.

O cego vê a escuridão e não crê.

Assim, também cego, não creio.

As luzes borboleteiam enquanto lagartas latejam.

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Destemido com os inimigos

Passo a noite lutando contra a batalha final.

Mas a morte avisa: uma hora eu chego.

Que hora será esta hora?

Inquietante pergunta.

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Para onde vou somente eu vou.

Os outros ficam para trás.

Estes meus outros indesejáveis eu.

A Mente é soberana e é ela quem me guia.

Meus passos são pássaros voando na estrada azul etérea.

Sérgio de Paula
Enviado por Sérgio de Paula em 02/09/2016
Reeditado em 27/12/2016
Código do texto: T5748312
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