ASSIMETRIA

Meus pés desenham o chão

enquanto outros pés

afastam as nuvens

deixando focos de luz

a iluminar um pouquinho

de arte.

Minhas mãos suportam o peso

para que outras mãos

possam afagar a água

que molha a face

e permitem

que infindáveis ideias

poluam os pensamentos.

Minha voz se cala

no desespero

de outras vozes

que choram preces

para a salvação dos que sorriem

sem qualquer esperança

de serem felizes.

Minha língua se esconde

em outra boca

que guarda palavras

como se qualquer segredo

pudesse ser um tesouro

a ser conquistado.

Minhas palavras destroem

a beleza que outros olhos

me devolvem

como se fosse real

como se fosse possível

me resgatar do paraíso

da desolação.

* - * - * - * - * - * - * - *

Minhas mais modestas criações

se alegram por haver

quem consiga decifrar

toda essa confusão que há em mim.