ASSIMETRIA
Meus pés desenham o chão
enquanto outros pés
afastam as nuvens
deixando focos de luz
a iluminar um pouquinho
de arte.
Minhas mãos suportam o peso
para que outras mãos
possam afagar a água
que molha a face
e permitem
que infindáveis ideias
poluam os pensamentos.
Minha voz se cala
no desespero
de outras vozes
que choram preces
para a salvação dos que sorriem
sem qualquer esperança
de serem felizes.
Minha língua se esconde
em outra boca
que guarda palavras
como se qualquer segredo
pudesse ser um tesouro
a ser conquistado.
Minhas palavras destroem
a beleza que outros olhos
me devolvem
como se fosse real
como se fosse possível
me resgatar do paraíso
da desolação.
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Minhas mais modestas criações
se alegram por haver
quem consiga decifrar
toda essa confusão que há em mim.