Fortuitamente...
Aprecias as palavras desse poeta.
Do meu pomar, usufruis costumeiramente,
As minhas palavras são frutos da aurora,
Mas também são frutos do crepúsculo.
Fortuitamente, recorres a mim,
Como um guardador de palavras.
Contudo, a minha maleta de versos,
Deixa de ser apenas minha, ao me leres.
Então eu também sou um doador de palavras,
À suprir as tuas necessidades incontudentes,
Como incontudente é todo poeta desse mundo,
Abarcado por cifras, patrimônios e status quo.
Ofereço-te então uma miríade de versos,
Pois é o único presente que disponho.
Salvaguardo, assim, as palavras,
Do contragolpe dos materialistas,
Pois o reduto do verso é o reduto
Do não-monetário.