A Bússola e o Coração
Queria não ter que dizer
Das coisas que não conheço
(são muitas)
Como o andar sério das formigas
Como as coisas que rondam o amor
Desse mundo vasto, não familiar
A opulência dessas misérias
E de outras coisas não gratas
Queria não ter que olhar
Para as coisas entristecidas
(são demais)
Como gente revirando lixeiras
Como o silêncio diante da maldade
E vamos indo pelas ruas da cidade
Sempre com pressa, sempre assustados
Sempre com desdém às flores no jardim
Queria não ter que sentir
Abraço descompromissado
( são vários)
Como pessoas desinteressantes
Como pessoas impessoais
E não vou falar de saudade
De risos contidos, de penas
De verdades absolutas, de choro
Meu coração ainda é minha bússola
Meu esteio, meu campo largo
Milton Oliveira
Dezembro/2015