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Do povo por paixões já dividido,
Não por muro ou cerca, vãos recursos,
Cumpre em lamento ou grave canto a sina
Deixar que encontre atento ouvido arguto
Enquanto medra na esplanada o medo,
Enquanto incerto e vário alterca o vulgo.
Que por bem pouco foi perdida a honra
E a fé solenemente conspurcada
E a cada pobre slogan, vis promessas,
Seqüestrado o futuro por esmolas.
Cumpre mostrar por fim que a quem se importa
O insulto jamais foi tão repulsivo
Quanto o que o bando opera, sempre impune,
Em treze cabalísticos invernos
De maldições da estrela da má sorte.
Pagando o preço das escolhas fáceis
Com vergonha e penúria a aldeia espera
Que o turbilhão das horas em discórdia
Preceda o gládio exato da justiça
Sobre a que tem no crime hábito antigo.
Das premissas do engano vem munida
Que é no que diz que apenas acredita,
Penosa a realidade a contrariá-la.
“Pobre senado, paz quereis ou guerra?”
Qual bêbado que o vinho loquaz torna
E em lugar de razões traz disparates
Assim, desguarnecida até dos seus,
Procede a defender o indefensável,
A mais alçando o passo mais resvala.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 30/08/2016
Código do texto: T5744441
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