Encantos de um menino
Seus olhos meigos me despem.
Fico nu de mim mesmo,
Ao seu olhar que me chama
E numa chama, vou.
De peito aberto
Feito pomba do agreste
E com o coração entrelaçado
Aos seus desejos, me rendo.
Mergulho por entre seus dedos
Que tocam meu corpo
Feito fogo,
Me deixando louco
Pouco a pouco.
Os meus lábios e os seus,
Não permitem uma única palavra
Pois já não há mais receio
Nem mesmo entremeio
Entre minhas mãos
E seus fartos seios.
Em cambalhotas suaves
Como duas belas aves
Nos envolvemos de tal maneira
Que a sombra dos nossos abraços
Brincam nas paredes do quarto
Como se fossemos anjos
E não querubins.
Neste bailado de macho e fêmea
Tudo parece complexo,
E num ardiloso reflexo
Nos envolvemos como bichos,
Bichos no cio.
É um querendo comer o outro
É o outro desejando ser engolido
Passando pela boca, até o infinito.
Nossos corações aos trotes
Parece não entender
Que estamos nos entregando
Um ao outro
Sem nada pedir
Sem nada dever.