Encantos de um menino

Seus olhos meigos me despem.

Fico nu de mim mesmo,

Ao seu olhar que me chama

E numa chama, vou.

De peito aberto

Feito pomba do agreste

E com o coração entrelaçado

Aos seus desejos, me rendo.

Mergulho por entre seus dedos

Que tocam meu corpo

Feito fogo,

Me deixando louco

Pouco a pouco.

Os meus lábios e os seus,

Não permitem uma única palavra

Pois já não há mais receio

Nem mesmo entremeio

Entre minhas mãos

E seus fartos seios.

Em cambalhotas suaves

Como duas belas aves

Nos envolvemos de tal maneira

Que a sombra dos nossos abraços

Brincam nas paredes do quarto

Como se fossemos anjos

E não querubins.

Neste bailado de macho e fêmea

Tudo parece complexo,

E num ardiloso reflexo

Nos envolvemos como bichos,

Bichos no cio.

É um querendo comer o outro

É o outro desejando ser engolido

Passando pela boca, até o infinito.

Nossos corações aos trotes

Parece não entender

Que estamos nos entregando

Um ao outro

Sem nada pedir

Sem nada dever.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 21/07/2007
Código do texto: T574208
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