Olim

Euna Britto de Oliveira

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Dormi com o momento seco,

Sem mãos amigas,

Do lado direito e do esquerdo – sem par.

Mas dormi numa cama boa,

Lençol cor do pôr-do-sol,

Travesseiro atravessado

Sob meu pensamento travesso,

Vizinho do meu coração pelo avesso...

No livro que me enviou,

Helena Luna e sua rosa roubada

Fugiram correndo pra casa...

Peguei carona na fuga,

Cheguei juntinho com elas!

Platéia e sentinela,

Não vi se era rosa amarela...

Fico feliz à toa,

Do jeito que fico infeliz.

Tanto quanto a infelicidade,

Depressinha, a felicidade voa...

Igual a todos,

Gosto de ser feliz à beça!...

Mas isso não é quando eu quero,

É quando a felicidade quer!

É quando a felicidade pode...

Brilhante, Tereza fez a faxina,

Encerou a casa

E, antes de sair, me chamou pra ver!

O brilho deixado pela enceradeira

No chão de meus passos de agora

Refletiu-se em minha alma.

Numa fração de segundo,

Brilharam para mim novamente

Todas as salas de minha vida

E as pessoas queridas

De minha vida ida...

Gosto de tudo que brilha,

Gosto de brilho!

O fosco não me convence.

"Olim" – ultimamente, essa palavra torna-se recorrente

Toda vez que páro pra pensar em gente.

Outrora, estudei um pouco de Latim,

Porque fazia parte obrigatória do curriculo escolar.

"Olim" – em Latim, quer dizer: Outrora...

Estou querendo falar que fico triste

Toda vez que vais embora...

É como se num instante

Chegasse a noite

E fosse embora a aurora...

Tão parecido com "nunca",

Engraçado é que em Latim

"Nunc" quer dizer: Agora...

Agora é Nunca?

Agora ou Nunca?...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 21/07/2007
Código do texto: T574114