896 Cronologia Neurótica Natalina
Cronologia Neurótica Natalina
Mais um natal se aproxima.
PRESENTES.
Na memória reconstituição neurótica que insiste:
1965, um avião de plástico – eu o lancei
e ele ficou no telhado do barracão dos fundos.
O plástico apodreceu
com a insolação – a ideia o resguardou na memória.
1966, tantos de uma só vez:
quadro negro, vaticínio da profissão;
atirador de dados que grudavam;
jogo de peças de arquiteto
para montar – eu gostava mesmo era do cheiro das tintas.
1967, revólver de espoleta que matou meu afeto:
não conseguia apertar o gatilho,
a mãe histérica gritava:
“isto é que presente para menino. Queria o quê?”
Vi nela a bruxa despenteada
de uma boneca de trapo.
1968, um carrinho de madeira com amortecedor – azul e branco.
1969, jogo de dominó e piorra que zumbia.
1970, um jogo de pinos de plástico.
1971, um jogo de memória
“Quem se Lembra Acerta” – foi mais que brinquedo:
Base de aprendizagem!
Com ele aprendi a memorizar e ter rudimentos culturais.
Um jogo de pingue-pongue.
1972, um relógio: você já é mocinho!
Que saudade eu sentiria dos brinquedos!!!
1973, calça boca de sino lilás,
camisa com listas cinzas degrade e florezinhas – miúdas – lilases,
sapato cavalo de aço.
Era a moda!
E os Jackson Five despontavam.
1974...
1983, a espera do filho.
2000, queda na realidade:
Natal é só uma festa
de um
Velho Vestido de Vermelho
Capitalista!
Nardo Leo Lisbôa
Barbacena, 17/12/2000
Caderno: Poesia Efervescente.