Da Âncora - II
Vem o conforto; ancora a sua navalha;
decepa, num aborto, o remo do destino;
então, nasce morto, na confortável mortalha...
na âncora do porto, o barco peregrino.
Alma ancorada, o conforto a empalha!
e, assim, empalhada num zelo uterino,
zela pela morada, pela carne da malha
onde, encarnada, aborta-se do divino.
Não há o descanso se não se cansa o braço...
se após o avanço vem o outro degrau.
Navegue um mar manso ou mar bravio, a nau
se não faz do fastio, ancoradouro cansaço...
se não navega o brio com seu casco de aço...
não será esse navio descansando no vau.
Torre Três
26-08-2016