ENTRE ASPAS

ENTRE ASPAS

Escolha entre aspas perfeita

numa calma corriqueira

o campo foge a rotina do horizonte

que as pedras e o concreto detém

um castigo aos olhos amantes

nem perto daquelas conversas

que nos desabotoam em vergonha

o que seria uma breve cena

de transa por conversa

de transe dos diversos

pra enganar nossa sede compassiva

não é algo que alguém sonha

aquelas bocas de lábios

que brilham pedindo que olhe

como olhamos as estrelas

tão belas que mal resistimos a noite

calados perdendo razões

numa filosofia de sentidos

que a beira de um abrigo emoldurado

de florestas e folhas velhas

com aroma de perfume cítrico

oferece sem querer um lar

ao sexo possuído

ao sexo de animais anfíbios

nos enrolando ladeiras

até cairmos na água pura

ainda com sede sobre cachoeiras

ainda por cima vibrantes águas

em silêncio correndo esvaindo

pelo calor saindo somos as fogueiras

da superficie

borbulham frequências com um índice

interessante numa das páginas

que estão abertas

tem uma nova cena caminhando

incessante ofegando narinas

quase não para o coração

pela emoção de qualquer pedra

que encostamos água deslizando

decorre das vontades eternas

que chovem carinhosamente

desejando como que até mesmo

parece falando

na loucura de um amor nativo

adão não quis saber do pecado

comeu ele mesmo toda fruta

que lutava pra desejar o diabo

e a felicidade engole a noite

no calor do fogo entre

uma lenha e outra

éramos amigos do inferno

entre aspas você foi o melhor amigo...

...sabia disso?

MÚSICA DE LEITURA: Billie Holiday - Stormy Blues