MENINA POETISA

É noite avançada e na amplidão,
a dama noturna prateada,
faz sua viagem pausada,
enchendo de luz a escuridão.

E a poetisa sondando a lua,
sai num relance na janela
e os olhos tristes de donzela,
no céu do sonhar é que flutua...

Correndo ao leito ela se debruça,
vigiando a noite que se adentra
e nos pensamentos se concentra,
através das rimas então soluça.

Perseguindo um vulto de másculo homem,
como se ele fosse um foragido seu,
que fugiu da cela onde o prendeu
e nessa missão ela se consome...

E enquanto o dia enche de dourado,
as vastas planícies e regiões de serras,
vai secretamente vagando na terra,
perseguindo os passos do seu bem amado.

Porém, quando as trevas se deitam ao divã,
do espaço irrestrito, de luzes festivas,
num quarto fechado, num quarto esquecida,
sem ver o luar, escreve a poetisa... 


(imagem do google)