A náusea e o pássaro

Vestido do mesmo

E do enjoo dos jornais

O automóvel conduz o corpo

Ao som adágio.

No passeio, os olhos

sonham, transeuntes,

entre a indiferença dos que passam

e as presas de vidros elétricos,

freios mecânicos,

velocímetros perversos.

Uma raiz arrebenta o concreto,

a náusea cinza das prisões.

Sentar ao chão? Não há tempo

para o vômito.

Seis da manhã. Tantos vestidos.

Passar.

Aguardar o voo.

Da fratura exposta do dia

brotará um pássaro na noite.