vida pra fora cuspindo

no torso da noite

na sua garganta

insadecida

presa pelos dentes

do diabo, quem

desce

nas, a e

i o u,

mais baixo esse grau

é essa vida

que de merda,

não acorda

e nem dorme

soletra o sono dos buracos

das jaulas,

das almas que vagam

penadas,

ou

por que

é tanta palhaçada

que

riso o rio, a puta

que pariu,

tudo parece nada,

corredor polones

em toda estrada

é soco, é angu no molho

do tempo

o silencio bateia

não era

põe-se sobre

a raiva,

a tosseira que

gira pelos bares

bêbados, pelas praças,

o silêncio baba no

tédio desse tempo,

minha poesia não

é pra salvar, pra ser

mais um e menos a

abertura fechada

que rola pelas lavadeiras

que fala o tempo visitado

que fala da perda

e da agonia

que desce o tormento

de todo dia, gases, lamparinas

disco velho de óleo germicida

que acende o corredor,

onde putas paga a seus

donos sua parte da garganta

o suor de teu corpo

que geme, geme

nem dor, nem prazer

é vida pra fora cuspindo

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 23/08/2016
Código do texto: T5737870
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