vida pra fora cuspindo
no torso da noite
na sua garganta
insadecida
presa pelos dentes
do diabo, quem
desce
nas, a e
i o u,
mais baixo esse grau
é essa vida
que de merda,
não acorda
e nem dorme
soletra o sono dos buracos
das jaulas,
das almas que vagam
penadas,
ou
por que
é tanta palhaçada
que
riso o rio, a puta
que pariu,
tudo parece nada,
corredor polones
em toda estrada
é soco, é angu no molho
do tempo
o silencio bateia
não era
põe-se sobre
a raiva,
a tosseira que
gira pelos bares
bêbados, pelas praças,
o silêncio baba no
tédio desse tempo,
minha poesia não
é pra salvar, pra ser
mais um e menos a
abertura fechada
que rola pelas lavadeiras
que fala o tempo visitado
que fala da perda
e da agonia
que desce o tormento
de todo dia, gases, lamparinas
disco velho de óleo germicida
que acende o corredor,
onde putas paga a seus
donos sua parte da garganta
o suor de teu corpo
que geme, geme
nem dor, nem prazer
é vida pra fora cuspindo