A MÁSCARA NO ESPELHO

Boca não mais consegue

traduzir o fervor da pele

imersas ânsias ajoelham-se

ante o desejo.

Inequívoca

é a parte que não pensa

linguagem dos toques

tatuagens

mais que palavras traduzem

o eletrificado circuito:

os bichanos no cio.

O que é mesmo que apagou

a lâmpada

neste silêncio de corpos

exaustos?

Somente sêmen semente?

O poema vai fazendo trôpego

trajeto em direção ao espelho.

Nada mais que a sombra

no assombro memorável

– o indócil animal no itinerário de viver.

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015/16.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5735300