OS OLHOS DA CIDADE

A noite cai

E cada prédio sonolento

Vai abrindo olhos luminosos.

Que vida estes olhos veem?

Que sonhos estes olhos projetam?

Há neles baço e remela?

A noite avança.

Destemido o prédio continua de pé

E os seus olhos vão se apagando.

É um moderno cupinzeiro

Plantado no chão do cerrado,

Só que dele, os olhos não voam,

Pois são janelas estáticas e frias,

Que não têm asas nem luminescência

Própria para avistar maiores horizontes.