INOCENTA
O vate em Zufe indica onde deixei minha jumenta,
Onde amarrei meu burro...Puxa um banco, amigo, senta
E escuta atentamente, que o meu verso não lamenta
Nem vem por cota, Lei Rouanet... mas vem, não se apoquenta.
A farsa em curso é um monstro que abortou, mas a placenta
Reivindica bom senso tão fictício que inocenta
Indignidades outras de natureza nojenta.
O vate em Zufe diz, ‘Esqueça logo essa jumenta!’
E a aldeia, em todo caso, sabe que não está isenta
Da culpa da catástrofe, do engano e da tormenta
Pois quis quem quis, fez sua escolha e pronto, agora agüenta:
Que leve brioches ou supositórios de pimenta
E escuta atentamente, que o meu verso não lamenta
Nem cai bem por placebo, bala de hortelã, de menta...
O mal tem nove caudas? Nove-dedos não inventa
As artes dos ladrões amigos seus, mais de quarenta.
E agora, onde amarrei meu burro? E o vate, ‘Ah, não esquenta!
Que a noite encerra em si o embrião dum dia sem tormenta.
Mas é melhor que esqueça logo – é sério! – essa jumenta’.
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O vate em Zufe indica onde deixei minha jumenta,
Onde amarrei meu burro...Puxa um banco, amigo, senta
E escuta atentamente, que o meu verso não lamenta
Nem vem por cota, Lei Rouanet... mas vem, não se apoquenta.
A farsa em curso é um monstro que abortou, mas a placenta
Reivindica bom senso tão fictício que inocenta
Indignidades outras de natureza nojenta.
O vate em Zufe diz, ‘Esqueça logo essa jumenta!’
E a aldeia, em todo caso, sabe que não está isenta
Da culpa da catástrofe, do engano e da tormenta
Pois quis quem quis, fez sua escolha e pronto, agora agüenta:
Que leve brioches ou supositórios de pimenta
E escuta atentamente, que o meu verso não lamenta
Nem cai bem por placebo, bala de hortelã, de menta...
O mal tem nove caudas? Nove-dedos não inventa
As artes dos ladrões amigos seus, mais de quarenta.
E agora, onde amarrei meu burro? E o vate, ‘Ah, não esquenta!
Que a noite encerra em si o embrião dum dia sem tormenta.
Mas é melhor que esqueça logo – é sério! – essa jumenta’.
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