Demônios
Espreitam através de meus olhos,
deturpam todos sentimentos,
desvirtuam a vil existência,
contaminam a carne trêmula,
tornam a consciência mouca.
Guiam meus passos a um não-sei-que de absurdo,
meus pobres demônios, forças propulsoras,
que direi a eles quando dominarem minha voz?
que direi a Deus?
Haverão ruídos do meu oco,
pobres demônios anônimos, insignificantes,
bastardas criaturas resfolegando na imundície.
Entrego-me aos seus cânticos torpes.
O que fui se não um pobre demônio?
Ousei fingir ser anjo alado, eram asas falsas, não posso voar.
As alturas me causam espasmos,
nasci para a miséria,
pobres demônios que criaram raízes em minha alma,
uma vez no inferno não há saída, chafurdemos na lama,
gozamos da glória em sermos malditos
propagando a desordem, cultivando o ódio, manchando a beleza
desse mundo submerso em purezas vãs.