SONO JUSTO
levada nos braços
da brisa
ao colo do vento
deixei
que a noite escurecesse
meu olhar
e no silêncio branco
da lua
adormeci
sob o cantar trêmulo
das estrelas
promitentes de brilhos
ternamente
adentrei a eternidade
do instante
úmido
e transparente
da saudade
nem teus frágeis apelos
nem tuas mãos de adeus
nem teus dedos
longos de faltas
poderiam desatar-me
das teias
do abandono
porque não preciso
de mais nada
a verdade
do adormecer em ti
me arrasta
e levitar ao vento
entre luares e estrelas
para bem longe dos dias
me basta
nas reminiscências
do antes sem depois
deposito meu sono
calmamente
aos acordes
das douradas manhãs
Mírian Cerqueira Leite