SONO JUSTO

levada nos braços

da brisa

ao colo do vento

deixei

que a noite escurecesse

meu olhar

e no silêncio branco

da lua

adormeci

sob o cantar trêmulo

das estrelas

promitentes de brilhos

ternamente

adentrei a eternidade

do instante

úmido

e transparente

da saudade

nem teus frágeis apelos

nem tuas mãos de adeus

nem teus dedos

longos de faltas

poderiam desatar-me

das teias

do abandono

porque não preciso

de mais nada

a verdade

do adormecer em ti

me arrasta

e levitar ao vento

entre luares e estrelas

para bem longe dos dias

me basta

nas reminiscências

do antes sem depois

deposito meu sono

calmamente

aos acordes

das douradas manhãs

Mírian Cerqueira Leite

Mileite
Enviado por Mileite em 20/08/2016
Código do texto: T5734095
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