Sinfonias

Na primeira sinfonia,

o corpo não sabia ouvir.

Ouviu de olhos abertos,

atento ao que via.

A música tateou o corpo.

Na segunda sinfonia,

o corpo experimentou ouvir.

Apagou as luzes,

e descuidou do entorno.

A música tranpôs os poros.

Na terceira sinfonia,

os olhos se fecharam.

E descobriu que o movimento da boca

podia alterar o som.

O corpo tremeu pela primeira vez.

Na quarta sinfonia,

ouviu o som percorrer o corpo.

Os ossos amoleceram

e a música circulou qual rio.

O corpo desaguou no mar.

Da quinta à oitava sinfonia,

exercitou os sentidos.

Aprendeu a dirigir a escuta

na regência do corpo.

Os olhos enlouqueceram.

Quando a nona sinfonia tocou,

saiu do próprio corpo.

A terra tremeu

fora do tempo e do espaço.

A música era o sublime.