941 D. Nilza
D. Nilza
Quando comecei a lecionar eu tinha transes mediúnicos:
Em mim abaixava D. Nilza.
- Ponto positivo para fulano.
- Ponto negativo para beltrano.
Até o espremer do giz na ponta do quadro
para explicar o esquema
era idêntico ao da antiga mestra.
Também pudera!
Admissão, matemática, desenho geométrico – três anos sucessivos – com D. Nilza.
Não fui professor de exatas como D. Nilza.
Não gosto da exatidão dos números.
Sonhava e tinha pesadelo com as posturas didáticas de Nilza.
- como exigia a pedagogia da época –
A voz de D. Nilza está gravada em meus ouvidos e minha mente é tela de suas aulas.
A braveza de D. Nilza era sua forma de catarse pelos tempos fascistas
- Nilza era afrodescendente que venceu os preconceitos em uma escola de branquelos –
(onde estudou e onde se iniciou como professora ).
Ela deve ser espírito no mundo das exatas:
foi professora de matemática e depois funcionária no Banco Central do Brasil.
- eu tenho a escrita para a catarse de meus recalques –
Ela tinha as contas entre positivos e negativos: haver e débito – saldo!
Nardo Leo Lisbôa
Barbacena, 05/12/2000
Nardo Leo Lisbôa