Dormem as borboletas...

Dormem as borboletas...
Dormem... será?
Acaso ao fim do dia, pousam?
Cansadas de borboletear, voltam ao casulo
Recolhem suas asas e repousam
Assim... na quietude da noite,
No escuro, a se aquietar...

Ah, desadormecidas madrugadas...
Mentes inquietas a perguntar,
Dormem as borboletas... será?
Dormem aqueles olhos tão ávidos por enxergar,
Fazem então uma pausa e ousam se fechar...
Quando, onde, como...  dormem as borboletas?
Seriam multicores suas camas...
De folhas secas ou de macias folhas,
Almofadadas folhas seriam?
Dormem as borboletas... dormiriam?

À noite, quando o silêncio acalma a angústia e
Apazigua o agitar de incontáveis revoadas,
O desejo de despertar preenche os vazios...
Contou-me certo dia, senhora borboleta de asas a desbotar...
À noite... então, lentamente, dobro minhas asas,
Deito meu corpo esquálido sobre a envelhecida crisálida,
E tento adormecer...
Adormeço sim, adormeço não... e a madrugada me abraça insone,
Ah essas madrugadas...
Asas inertes, sem mover-se do lugar,
A alçar vôo num misterioso volejar...

Nessas noites,
Intermináveis noites...
Minhas rebeldes memórias insistem revoar...
A recordar sonhos, relembrar aventuras e
Desventuras, seguem a voar...
Uma mais travessa do que a outra,
A contar suas proezas negam-se repousar,
Uma a gabar-se do que viu,
A outra do que sentiu...
E, embevecidas em seus revoares, esquecem meu corpo vil,
Quando percebo já se vão altas madrugadas,
E o Sol a espreguiçar-se, sutilmente,
Vem acordar a borboleta que sequer dormiu...

 
Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 17/08/2016
Reeditado em 18/08/2016
Código do texto: T5731683
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