SINAIS

Leio, perturbado, os teus sinais...

E pergunto-me se sabes do que falas,

quando te insinuas, suavemente,

e me contas de proezas e paixões,

de noites quentes e orgasmos doces,

meigos, quase civilizados...

Ou se apenas deduzes e misturas,

em deliciosa confusão,

experiências com vontades,

e falas do coração...

Ou se apenas te armas,

indicando um caminho

feito de pedras conhecidas,

onde se pisa sem escorregar,

preferências escondidas

em rituais de carinho,

e ânsias de acarinhar...

Ou será que apenas tens medo,

dessa força maior, estranha,

que sentes selvagem

no meu peito,

que te despe e te acanha,

te afasta da margem

e te afoga no meu jeito?

Ou será que pressentes

as costas nuas, na parede,

em urgências úmidas

de pernas bambas,

e as palavras únicas,

de sortilégios quentes

com que te enfeito,

enquanto teço a rede

onde, linda e fremente,

despudoradamente

te deito ?

20/7/2007