onda
o rio flui
mansamente,
e seu brilho
ilumina as suas margens,
que vai cobrindo nosso
olhar de esperança,
atravessar o rio, conquistar
a outra margem, fundar
sua própria bandeira,
não te fala do rio ,
mas de sua largura incendiária,
é de amar,
não é um esforço
é ser nesse banho estranho,
acender
queimar a si mesmo
sem dó
para ascender,
subir a montanha
como se fosse uma
um relâmpago no
meio da tarde
dessa cidade
clarear o quarto escuro,
ou fincar-se nele
até que te torne lâmpada
que te torne brasa
tremer na carne essa imensidade,
e ser tudo
sabendo que o nada não é!
gritar fruto,
caroço, seiva
gritar o grito
isso vai calar
o desespero, dar-lhe uma
golfada de tempestade
depois derramar-se
entre as entranhas da
terra, nas raízes das
coisas que
se levantam
a bailarina que cintila,
que pulsa como
um pulsar
lateja
nas encostas do absurdo,
na onda
que vem, sabe-se
lá como se forma uma onda.
nas ondas,
amar,
e não ter medo de afogamento
porque o que é, é
disso decorre o fogo dessa tarde
que esquenta
esse centro de São Paulo