onda

o rio flui

mansamente,

e seu brilho

ilumina as suas margens,

que vai cobrindo nosso

olhar de esperança,

atravessar o rio, conquistar

a outra margem, fundar

sua própria bandeira,

não te fala do rio ,

mas de sua largura incendiária,

é de amar,

não é um esforço

é ser nesse banho estranho,

acender

queimar a si mesmo

sem dó

para ascender,

subir a montanha

como se fosse uma

um relâmpago no

meio da tarde

dessa cidade

clarear o quarto escuro,

ou fincar-se nele

até que te torne lâmpada

que te torne brasa

tremer na carne essa imensidade,

e ser tudo

sabendo que o nada não é!

gritar fruto,

caroço, seiva

gritar o grito

isso vai calar

o desespero, dar-lhe uma

golfada de tempestade

depois derramar-se

entre as entranhas da

terra, nas raízes das

coisas que

se levantam

a bailarina que cintila,

que pulsa como

um pulsar

lateja

nas encostas do absurdo,

na onda

que vem, sabe-se

lá como se forma uma onda.

nas ondas,

amar,

e não ter medo de afogamento

porque o que é, é

disso decorre o fogo dessa tarde

que esquenta

esse centro de São Paulo

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 16/08/2016
Reeditado em 16/08/2016
Código do texto: T5730338
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