PLATÔNIO QUER A FLOR 2
PLATÔNIO QUER A FLOR 2
A vida engana a ferrugem
dizendo que a solidão é cara
que laudas do réu comum
entrega um dia por um fim inteiro
no final do dia ela desfaz
tudo que a paz sem ela tem
de errado de maldade
que me traz de volta ao desespero
do broto novo da fruta
que abre a vida pro inseto
a recém o casulo ficou velho
o desdém do inferno
que persegue-me por dúvida
não quer perdoar minha insensatez
havia uma lanchonete na esquina
tinha um entregador galã-tipo-louco
a imaginação assalta transborda
rios de suores vertidos em sangue
antes que ele desça já podia
sonhar estar preso de raiva
aquele sorriso ordinário
que nada me conta do contrário
o que será que ele quis dizer
olhando um bilhete talvez fosse
outra coisa talvez o endereço
de algum motel aqui perto
deserto sossego briga com minha
pena de pobre no chão disfarçado
se eu mudar minha ideia
tão pouco poderia ficar tão só
entre as pessoas que a rodeiam
entre as coisas que norteiam
minha aventura de conquista
permita ser um pouco humilde
o amor que mata-me é covarde
é ainda tão forte quanto
a vontade de invadir e destruir
um sonho perigoso
é bélico ficar de olhos cravados
em alguém ainda tão particular!?
MÚSICA DE LEITURA: The Kinks - Sunny Afternoon