Poética
Ah, poesia
Salve-me das musas descrentes
Do seu encanto mais simples
Faça-me fiel as suas noites sem sono
Dos seus dias sem sol
Amplie-me até as linhas do horizonte finito
E que meu infinito esteja desenhado em suas mãos
Faça-me sonhar mesmo que meus olhos estejam turvos
Faça dos meus ouvidos ouvintes
Dos seus cantos mais abstratos
Ah, poesia
Traga-me as palavras mais bonitas
E que eu faça delas um presente sublime e terno
Que eu seja seu servo liberto
Diga-me das horas onde a felicidade
Se traduz em passeios entre a lua e os devaneios
Dê-me o nome de todas as cores
Seja minha companheira na alegria e nas dores de amor
Nos momentos indisfarçáveis do ócio
Glorioso e fugaz
Ah, poesia
Faça de mim um verso qualquer
Entre o fim e o começo
Entre a loucura e a beleza
Milton Oliveira