ENCRUZILHADA
Pequei, meus amores! E não hei de estar arrependido!
Minha fadiga e meus anseios zombaram do meu silêncio
E dentro de minha inspiração fantástica produzi incêndio
Que se alastrou pela metempsicose do meu sisudo libido.
Perdoem-me, meus anjos! Donde estou o fogo se afasta
Qual pássaro audacioso que canta em ritmo de apoteose,
Sinto em minh’alma doce manjar consumido em overdose
E minha cabeça repousa sobre os degraus da mesa farta!
Adormeço perante os dízimos que pagarei do sono chiste
Enquanto melodias aladas provam de mim sagrado alpiste
Que deixarei no solo lodoso de minha consciência brumosa…
Desperto ante a multidão de pensamentos que me assanha,
Porém resvalo diante da covardia e duma hipocrisia tamanha
Que meu âmago revolve os atropelos da encruzilhada gasosa!
DE Ivan de Oliveira Melo