ENCRUZILHADA

Pequei, meus amores! E não hei de estar arrependido!

Minha fadiga e meus anseios zombaram do meu silêncio

E dentro de minha inspiração fantástica produzi incêndio

Que se alastrou pela metempsicose do meu sisudo libido.

Perdoem-me, meus anjos! Donde estou o fogo se afasta

Qual pássaro audacioso que canta em ritmo de apoteose,

Sinto em minh’alma doce manjar consumido em overdose

E minha cabeça repousa sobre os degraus da mesa farta!

Adormeço perante os dízimos que pagarei do sono chiste

Enquanto melodias aladas provam de mim sagrado alpiste

Que deixarei no solo lodoso de minha consciência brumosa…

Desperto ante a multidão de pensamentos que me assanha,

Porém resvalo diante da covardia e duma hipocrisia tamanha

Que meu âmago revolve os atropelos da encruzilhada gasosa!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 13/08/2016
Código do texto: T5726954
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