Quase nada de tudo

Eu ficava te olhando por dentro

Do vestido banido

Como quem não entende

Quase nada de quando

Você ali tão calada do mundo

Eu te pintava futura, uma curva

Uma fruta madura, um ser

Uma estrada que beira os sentidos do alem

Somos um pouco de tudo

Somos quase nada do mesmo

Eu ficava te observando por fora

Do vestido florido

E lá fora a chuva era absurda de linda

Você desenhada um trem bala

E eu parado na estação do nunca

E tudo flutuava entre nós

A nuvem, as risadas, a ferrovia

Uma estrada que beira a alegria

Somos um pouco do nada

Somos quase tudo do mesmo

Eu ficava te imaginando feliz

Como quem não tivesse tido um vestido

Como quem não conhece a tristeza

E a vileza dos homens que rezam

E você cada vez mais azul turquesa

De cada palavra sorvia o silêncio

E fomos ficando aqui no fim

Olhando para o mundo e para fim do mundo

Somos feitos um pouco um do outro

Somos quase nada vindos da mesma folia

Milton Oliveira

21.02.13

milton antonios
Enviado por milton antonios em 12/08/2016
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