Exercício poético II

 
“Na marginalidade da noite, 
Despedi-me do luar, 
Vesti-me de estrelas, 
E no embalo do sonho, 
Parti rumo a novo amanhecer!... “


Sírio de Andrade

 
Nem envolvido neste falso silêncio
Caído e esmagado pela escuridão
Os sonhos que de mim em ti presencio
São no amor consciência e servidão!
 
Mesmo que desagúe nos teu olhos
Das tristes estrelas luzeiro e farol
Lençóis, mãos inquietas entre folhos
Adornado soldado de ti, encimado virol!
 
Subo nas horas descendo no horizonte
Por entre pedras e almofadas choradas
Tristemente marcadas as noites na fronte
Acordar solitário, manhãs bem marcadas!
 
“Na marginalidade da noite, “
Encontro-me inquieto, imperfeito
Movimento em si quieto
Luar oculto por um olhar afoito!
 
"Despedi-me do luar, "
Na transparência da alma
Sobe a águas da vida,
Em ti encontrei a calma!
 
“Vesti-me de estrelas, “
Por mim, por ti, nunca por elas,
Pela luz que me dás, amor,
Visto-me na manhã até ao sol por!
 
“E no embalo do sonho,”
Nasço por ti todas as noites
Faço-me crente e servo
Do corpo celeste com que me embalas!
 
No dever da vida que me desperta
Despedida chorada quase certa
“Parti rumo a novo amanhecer!... “
Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 11/08/2016
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