Caminho
vez ou outra a gente se desencontra
não do destino almejado
– porque não há destino algum que se almeje
todos os destinos são previamente traçados por uma entidade suprema
qual eu desconheço, desacredito, desafio e discordo –
mas do propósito em trilhar os caminhos, casualmente, selecionados
por uma entidade íntima, profunda, íntegra, mística
chamada "eu"
à qual prezo em respeito, amor e honestidade.
vez ou outra esse apreço é esmagado entre pedras
no inevitável chacoalhar da vida
e aí a gente se esquece de tudo que essa entidade representa e configura.
não há problema em vagar pelo caminho em busca de si
regressar a essa entidade, que também chamo, entre tantas outras alcunhas, de "lar",
é um dos mais delicados prazeres do percurso
e de tão sublime, vale, inteiramente, a perda
a confusão
a angústia
porque a felicidade em tocar sua própria pele
reconhecendo-a como sua
é proporcional ao desafio de rasgar os mapas
e romper as fronteiras de seu corpo
mente
espírito
– e todos os outros cabimentos de existência metafísica –
sem medo algum
de se
perder.