Caminho

vez ou outra a gente se desencontra

não do destino almejado

– porque não há destino algum que se almeje

todos os destinos são previamente traçados por uma entidade suprema

qual eu desconheço, desacredito, desafio e discordo –

mas do propósito em trilhar os caminhos, casualmente, selecionados

por uma entidade íntima, profunda, íntegra, mística

chamada "eu"

à qual prezo em respeito, amor e honestidade.

vez ou outra esse apreço é esmagado entre pedras

no inevitável chacoalhar da vida

e aí a gente se esquece de tudo que essa entidade representa e configura.

não há problema em vagar pelo caminho em busca de si

regressar a essa entidade, que também chamo, entre tantas outras alcunhas, de "lar",

é um dos mais delicados prazeres do percurso

e de tão sublime, vale, inteiramente, a perda

a confusão

a angústia

porque a felicidade em tocar sua própria pele

reconhecendo-a como sua

é proporcional ao desafio de rasgar os mapas

e romper as fronteiras de seu corpo

mente

espírito

– e todos os outros cabimentos de existência metafísica –

sem medo algum

de se

perder.

Taíse Dourado
Enviado por Taíse Dourado em 10/08/2016
Código do texto: T5724065
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.