FIM DE TARDE

As construções da cidade

Bebem do teu silêncio surdo.

Nas cores evanescentes do crepúsculo

Tentam achar prometida calmaria,

Pois almejam dormir no embalo

Do calor das lâmpadas de mercúrio

Recolher as falanges de concreto

Que tentam arranhar o céu singelo.

O trânsito virulento silencia-se aos poucos

As pessoas cansadas se vão para suas casas

O sol pousa, a lua e as estrelas se levantam,

E as construções da cidade no fim de tarde

Assim como os peixes, embalam seus sonhos

De olhos arregalados, pois almejam dormir.